"Saíamos para caminhar à noite. Às vezes conseguíamos enxergar Vênus acima de nós. Era a estrela dos pastores e a estrela do amor"
(Patti Smith)
Com 73 anos Patti Smith não pára de criar em seu trabalho humanitário, ativista e repleto de premiações.
Se a sua busca é por uma autobiografia nada convencional, cativante e afetiva, o caminho a percorrer é a leitura de “Só Garotos”, escrita pela cantora, fotógrafa, compositora, poetisa e musicista norte americana Patti Smith, conhecida como a Poetisa do Punk, que entrega um livro emocionante em todos os sentidos ao contar sua trajetória antes de se tornar famosa e seu envolvimento com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, com quem dividiu a cama, a comida e o sonho de ser artista.
O livro reúne fotos, bilhetes e histórias extraordinárias que narram os altos e baixos que o casal atravessou na efervescente Nova York das décadas de 60 e 70. Dos bastidores artísticos, às viagens alucinógenas, a aceitação de Patti ao descobrir que seu par era homossexual, até a fome absoluta que o casal passou nos dá uma dimensão da intensidade e crueldade dessa fase complicada.
“Só Garotos” é uma obra literária essencial para quem curte música, arte, rock, fotografia e também destinado a quem tenta entender o poder do perdão (clichê, né?), mas essa é uma das camadas mais profundas da biografia. Prepare os lenços porque é emocionante, tal como esse trecho que resolvi transcrever aqui:
"Dissemos adeus e saí do quarto dele. Mas algo me atraiu de volta. Ele caíra em um sono leve. Fiquei ali parada olhando para ele. Pacífico, como uma criança antiga. Ele abriu os olhos e sorriu. "Já voltou?". E tornou a dormir. E assim minha última imagem foi a primeira. Um jovem adormecido sob um manto de luz, que abriu os olhos com um sorriso de reconhecimento para alguém que nunca fora uma estranha para ele..."
Curiosidades:
+ Patricia Lee Smith, a Patti Smith, nasceu em Chicago em 1946 e tronou-se proeminente durante o movimento punk com seu álbum de estréia, Horses, em 1975, trazendo um lado feminista e intelectual à música punk, tornando-se uma das mulheres mais influentes do rock and roll.
+ A Revista Rolling Stone a colocou no 47º lugar em sua lista dos cem maiores artistas de todos os tempos.
+ Sempre envolvida com questões políticas, de liberdade e feminismo, Patti Smith, em 2005, realizou comícios contra a Guerra no Iraque e a favor do impeachment do Presidente George W. Bush
+ Ela pertencia a uma sociedade secreta. No livro, Smith conta como ela recebeu um convite da CDC, ou Continental Drift Club, uma sociedade que luta contra as mudanças climáticas e trabalha pela preservação da herança do geólogo Alfred Wegner. O grupo de apenas 27 membros se reúne em endereços aleatórios, como na Islândia, país onde vive a cantora.
+ Viajava às vezes só para visitar os túmulos de alguns autores. Ao Japão por causa de Yukio Mishima; a Yorkshire, na Inglaterra, por Sylvia Plath; e à Espanha para visitar a casa da família de Roberto Bolaño e se sentar na escrivaninha do escritor.
+ É apaixonada por cafés, onde passa horas lendo. Seu preferido? O Ino, em Nova York. A cantora diz que pode chegar a beber até 14 xícaras de café por dia.
+ Já dormiu na cama de Diego Rivera. Quando visitou o México em 2012, convidada pela Casa Azul para dar uma palestra, Patti Smith ficou doente. Os organizadores então instalaram-na no quarto do pintor, e ela aproveitou para fotografar os vestidos de Frida Kahlo que estavam por lá.
+ Antes de viajar, ela lista todo o conteúdo de suas malas, "mesmo se são sempre as mesmas coisas": camisas, ternos, livros e pasta de dente.
+ Até o momento, Patti contabiliza 11 álbuns de estúdio lançados, os quais possuem ótima recepção da crítica e seguem uma linha que mostra um lado mais feminista da cantora e compositora, inovando no jeito de se destacar e fazer punk e rock.
+ Dalai Lama e Patti Smith dividiram o palco no festival de Glastonbury, em 2015, num evento britânico.
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