“É tão desumano ser totalmente bom quanto totalmente mau”.
Considerado um clássico da distopia, ao lado de “Admirável Mundo Novo”, “1984” e “Fahrenheit 451”, a obra “Laranja Mecânica, escrita por Anthony Burgess, segue pelo século XXI como um dos mais influentes retratos da degradação humana, em contraste com o governo totalitário.
Como um dos grandes exemplares da ficção científica, Burgess evoca um estilo literário único ao desenvolver a estrutura narrativa do livro em primeira pessoa, a partir do dialeto futurista chamado nadsat. O leitor desavisado terá dificuldade grande ao embarcar nas primeiras páginas da leitura, mas o futurismo retrô, ao lado das discussões filosóficas elencadas na obra, aliado ao seu primor científico despertam grande curiosidade.
Um livro fenomenal que me rendeu até uma tatuagem no braço esquerdo, ao lado do coração e contra o governo.
Li “Laranja Mecânica” numa edição comemorativa aos cinqüenta anos de sua primeira publicação na Editora Aleph / 341 páginas.
O livro também rendeu o filme “Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange, no original) em 1971, dirigido e adaptado para o cinema por Stanley Kubrick. A história é passada no Reino Unido, num futuro distópico marcado pela violência e o autoritarismo.
Curiosidades do filme:
+ O filme foi massacrado por críticos importantes (como Pauline Kael e Roger Ebert) e foi atacado por “promover a violência”. Irritado, Stanley Kubrick decidiu impedir a exibição do filme em 1973 até sua morte (em 1999). Durante muito tempo, os britânicos assistiram ao filme através de VHS’s importadas de outros países.
+ O filme entrou na lista de obras proibidas pela censura no Brasil, fazendo com que os amantes do cinema fossem assistir o Laranja Mecânica em países vizinhos, como o Uruguai. Quando foi liberado, só conseguiu ser exibido nas salas com ridículas bolinhas pretas sobrepostas nas cenas de nudez (mesmo com classificação para maiores de 18 anos).
+ Durante a cena em que Alex (Malcolm McDowell) é submetido ao tratamento Ludovico, o ator teve sua córnea arranhada pelos pequenos ganchos e ficou sem enxergar por um tempo. Malcolm voltou a se dar mal na cena que seus ex companheiros tentam afogá-lo.
+ A cena clássica do estupro, onde Alex canta “Singin’ in the Rain” foi filmada sem ser planejada. Kubrick perguntou se Malcolm McDowell sabia dançar e o ator, meio de brincadeira, encenou cantarolando a canção tema do musical de Gene Kelly. A cena ficou imortalizada.
+ Fãs defendem que as falhas de Kubrick, na verdade, são propositais com o objetivo de causar algum tipo de reflexão ao espectador. Os erros mais famosos são os pratos que trocam de posição na mesa e o nível do vinho na garrafa que varia durante jantar na casa do escritor. Em “O Iluminado” existem alguns outros ainda mais famosos.
+ Desesperado por dinheiro, Anthony Burgess (o escritor da obra) vendeu os direitos de adaptação do filme para Mick Jagger por apenas US$ 500,00. O músico planejava fazer o filme tendo os Rolling Stones como os droogs, mas acabou revendendo os direitos por uma quantia muito maior.
+ Na cena em que Alex (Malcolm McDowell) fala com o padre sobre a terapia Ludovico, é possível ver os prisioneiros marchando em círculo no pátio. A cena recria uma pintura de Vincent Van Gogh, “Prisioneiros se Exercitando” de (1890).
+ O Korova Milk Bar foi o único cenário construído especialmente para o filme. Suas esculturas foram baseadas no trabalho do escultor Allen Jones (uma das pinturas da parede apareceria novamente em “O Iluminado”, 1980). Stanley Kubrick fez com que os dispensers de leite fossem esvaziados, lavados e reabastecidos a cada hora, pois o leite coalhava sob as luzes do estúdio.
+ A cena onde Alex faz sexo com mais duas garotas em seu quarto, brilhantemente acelerada na montagem e resumida em cerca de 1 minuto, teve 74 takes. A versão que foi para o filme, sem o efeito, tem 28 minutos.
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