“Quando éramos todos, éramos um só.”
(Dona Lola)
Mais do que entretenimento, a novela “Éramos Seis” carrega dramas profundos, personagens complexos e um amadurecimento provocado pelo passar de três décadas com suas sucessivas mortes e conquistas pessoais. Ao mesmo tempo é um drama quase comum às famílias que passam pelas necessidades fundamentais: boa convivência, teto e o pão nosso de cada dia.
Sete adaptações
A obra é baseada no romance de Maria José Dupré escrito em 1943. E pasme! Já contou com sete adaptações: número considerável que até para quem não gosta de novela. O livro foi adaptado em 1945 em novela na Rádio Tupi, transformado em filme na Argentina do mesmo ano, adaptado em 1958 pela TV Record, tendo a segunda versão em 1967 pela Rede Tupi e ainda uma terceira edição no mesmo canal em 1977. Em 1994 foi adaptada pelo SBT e considerada a melhor novela da emissora. E em 2019 recebe a sua mais recente adaptação com direção de Angela Chaves na Rede Globo, tendo Glória Pires como a protagonista Dona Lola. Assim temos algo inegável: “Éramos Seis” merece a nossa atenção!
Uma novela que me fisgou
Há tempos não tenho paciência para novelas, mas ao saber que essa obra estaria na TV a expectativa foi tão grande que para não perder um dia sequer da trama e não ficar refém de horário: pontualmente às 18h20 de segunda a sábado, assinei o Globo Play só para ter acesso quando bem quiser. Só que não estou aqui para falar da praticidade que os aplicativos nos permitem, nem que passo às vezes dias sem assistir para ter o prazer de acumular vários capítulos consecutivos. Neste espaço cito alguns núcleos, os horrores das guerras, tanto íntimas de cada personagem como a Guerra no Brasil, que descoloriu as camadas ingênuas da trama.
História atemporal sobre valores e laços familiares
De forma irresistível nos envolvemos na história que tem como protagonista Dona Lola, a matriarca da Família Abílio de Lemos, representando a luta da mãe pela segurança dos quatro filhos Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel tão diferentes entre si, com as arbitrariedades de seu marido Júlio, posteriormente com sua morte a dívida da casa onde mora.
Mortes do marido, do filho e rumos diferentes
Tudo em sua vida é carregado de simbolismo, de lutas diárias e do “cerco fechado” para suas realizações pessoais porque a família está sempre em primeiro lugar. Com o passar do tempo, ela percebe cada filho seguindo seu rumo e a casa – sempre tão cheia – agora é imensa e quase vazia. Com a morte de seu filho Carlos (o mais apegado à mãe) e a ida de Alfredo (filho mais rebelde) à guerra, a vida de Lola parece não ter mais sentido e os lamentos continuam: sua filha Isabel se apaixona por um homem casado numa época em que divórcio não era permitido e Julinho muda-se de São Paulo para tentar a vida no Rio de Janeiro, distanciando-se física e emocionalmente da família.
Na torcida por um final feliz para Dona Lola e Seu Afonso
Ao contrário de todos os outros finais das adaptações em que Lola termina sozinha num asilo, acredito, ou pelo menos torço, para que o rumo da personagem seja uma chance ao amor que nasceu entre ela e vizinho apaixonado Seu Afonso. Quem sabe o final seja com menos amarguras?
Revolução Constitucionalista de 1932
Em sua fase final, a trama se passa durante o maior conflito brasileiro do século XX, onde a protagonista Dona Lola vive um dos períodos mais conturbados da história de São Paulo e do país, marcada pela revolução constitucionalista.
Para Dona Lola e seus filhos os eventos são definidores em sua saga. O primogênito da família, Carlos (Danilo Mesquita), morre após tomar um tiro da polícia durante as manifestações que antecederam o levante em São Paulo. Revoltado com a morte do irmão e motivado pelos ideais do movimento, o filho do meio, Alfredo (Nicolas Prattes), se alista e parte para a guerra. Inês, a personagem vivida por Carol Macedo, que sente-se dividida pelo amor de ambos os irmãos, após perder Carlos, também participa do esforço de guerra paulista contra o Governo Provisório encabeçado por Getúlio Vargas. Ela parte para o front para cuidar dos combatentes feridos como enfermeira.
Os paulistas perderam o conflito contra as tropas federais. No entanto, muitas das bandeiras defendidas pelo movimento viram-se concretizadas após a batalha. Em 1933, Getúlio Vargas nomeou um paulista, Armando de Sales Oliveira, interventor de São Paulo. Em 1934 uma nova Constituição foi promulgada.
Explicação da abertura da novela
A abertura retrata as mudanças em São Paulo durante as fases da novela. Primeiramente os anos 1920, com um ar mais pacato e romântico, logo dá lugar à agitação da década de 1930, marcada por construções que contribuem com a evolução da capital, além da efervescência política que toma as ruas. A movimentação das avenidas, cortadas pelos carros e bondes, registra a chegada dos anos 1940.
Sinopse
A história conta a vida de uma família paulistana de classe média entre as décadas de 1920 e 1940. Lola (Glória Pires) é uma mulher doce e dedicada à família, casada com Júlio (Antonio Calloni), que ambiciona ser rico e se endivida para financiar uma casa na Avenida Angélica, em São Paulo; eles tem juntos quatro filhos.
O estudioso Carlos (Danilo Mesquita) é o orgulho da família, mas tem um romance conturbado com Inês (Carol Macedo), cuja mãe é contra.
Alfredo (Nicolas Prattes) vive em conflito com os pais por seu jeito rebelde e baderneiro, além de odiar o irmão mais velho por ciúme.
A mimada Isabel (Giullia Buscacio) choca a todos quando se envolve com Felício (Paulo Rocha), um homem bem mais velho e desquitado.
Julinho (André Luiz Frambach) namora Lili (Triz Pariz), mas almeja ascender socialmente, vendo essa oportunidade no romance com Soraia (Rayssa Bratillieri), filha do rico Assad (Werner Schünemann), patrão de seu pai.
Após a morte prematura do marido, Lola passa a vender doces caseiros para sustentar a família e sobreviver aos adventos.
A tia paterna de Lola, Emília (Susana Vieira), é uma viúva milionária e amarga que nunca ajudou os familiares e vive reclusa cuidando da filha, Justina (Julia Stockler), que tem problemas mentais e não pode sair de casa por isso. Ela enviou a caçula, Adelaide (Joana de Verona), para a Suíça ainda criança; porém a moça retorna adulta e entra em conflito com a mãe pelas idéias feministas e pela insistência de que a irmã não deve ser privada do convívio social, além de ser sexualmente liberal e se envolver com o primo Alfredo.
Em Itapetininga vive o restante da família de Lola: a mãe doceira Maria (Denise Weinberg), a tia materna Candoca (Camila Amado) e as irmãs Clotilde (Simone Spoladore) e Olga (Maria Eduarda de Carvalho). Clotilde vive infeliz longe de Almeida (Ricardo Pereira), com quem terminou o namoro após descobrir que ele era desquitado, por medo de julgamentos (embora espere tomar coragem para viver o amor). Já Olga sonhava em ser da alta sociedade, mas casa-se com o humilde farmacêutico Zeca (Eduardo Sterblitch), articulando para sua tia Emília contratá-lo para cuidar de seus negócios, sendo assim bem remunerado e lhe dando uma boa vida.
Shirley (Barbara Reis) sempre acreditou que foi abandonada grávida na adolescência por João Aranha (Caco Ciocler), sem saber que tudo foi uma armação da mãe dele, reencontrando-o mais de dez anos depois, quando descobre a verdade. Ela, porém, já está casada com Afonso (Cássio Gabus Mendes), que assumiu a filha deles, Inês, fazendo com que ela fique dividida entre o amor dos dois, já que Aranha passa a se mostrar um homem possessivo e diferente da juventude.
A melhor amiga de Lola é a fofoqueira Genu (Kelzy Ecard), casada com o submisso Virgulino (Kiko Mascarenhas), com quem tem dois filhos: Lili e Lúcio (Jhona Burjack), apaixonado por Isabel.
Fim da novela
“Éramos Seis” termina no dia 27 de março e a autora já entregou os capítulos que vão ao ar até o dia 6.
Parabéns!!!Não fazia ideia dessas informações!!!Vou ficar de olho 😉
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